Como segurar o bebê para a prática da Higiene Natural
Quase todos os dias recebo fotos de bebês em sua prática da Higiene Natural junto a depoimentos de mães contentes e eu adoro! Fico ainda mais feliz e mais realizada por saber que pouco a pouco a HN ganha espaço no cenário da parentalidade consciente. Porém, percebo que a maioria dos bebês precisam de ajuste na posição. Nos Workshops que ministro Brasil à fora e nas consultorias que são feitas individualmente ou em grupos, via whatsapp, as posições são sempre faladas e o primeiro ajuste a ser feito.
São muitas as razões para manter o posicionamento correto como, por exemplo, o respaldo pra coluna, o relaxamento perineal, a segurança do bebê, a postura do cuidador e sua respiração, pois tudo influencia. Também porque a HN é um conhecimento arraigado no DNA do bebê que por nascer sem a consciência proposta pelo neocórtex cerebral, é puro instinto.
Além disso é preciso compreender o bebê como um mini-humano, sabendo que a neurobiologia do desenvolvimento infantil apresentada nos mais atuais estudos nos mostra que o cérebro infantil não está totalmente desenvolvido ainda e é por isso que devemos contribuir e atender da melhor maneira todas as necessidades fisiológicas dos bebês, incluindo as eliminações.
Ligia Moreiras Sena e Andreia Mortensen no livro "Educar sem violência – criando filhos sem palmadas", nos contam que o cérebro do bebê se divide em duas grandes áreas, a parte mais antiga chamada de ‘cérebro reptiliano’ por ser praticamente igual em todos os vertebrados e por deter a função de regulação das funções fisiológicas (aquelas básicas como fome, respiração, evacuação) e o ‘cérebro mamífero’. que vem sendo moldado pela evolução da espécie, mostrando-se mais complexo porque está relacionado às construções das relações sociais e nossas capacidades de solucionar problemas, bem como às habilidades de convivência e à regulação de reações emocionais e sentimentos, e à construção da imaginação e da criatividade. Segundo as autoras “O bebê já nasce com a parte reptiliana que se desenvolve quando ainda está no útero da mãe. Já o cérebro mamífero, racional (composto de neocórtex, lobos frontais) vai se desenvolvendo durante o crescimento da criança, atingindo a maturidade na vida adulta” (SENA e MORTENSEN, 2014) - recomento muito esse livro!
E porque estou falando de higiene natural e de cérebro? Pra explicar que o bebê ainda é puro instinto. Ele não pode controlar nada. Ele sente fome precisa comer imediatamente, sente sono e dormir é emergência, sente vontade de fazer xixi ou cocô e fará isso de qualquer jeito...
Porém, conforme tenho explicado em minha página e em meu livro, o uso das fraldas é um impeditivo para o funcionamento normal das evacuações dos bebês e a razão é até bem lógica. Imagine que você é o bebê e seu corpo está funcionando apenas como uma máquina, então você precisa fazer cocô, mas está de fralda (apertada), com roupas e possivelmente com as pernas esticadas. Será que você conseguiria fazer cocô normalmente? Ou será que num impulso (porque não é possível controlar os esfíncteres) você liberaria o cocô, mas automaticamente (instintivamente) esse cocô seria bloqueado pelas fraldas e depois seria liberado em suaves prestações ao longo do dia?
Pois é, as fraldas podem nos ajudar muito, a nós os pais, mas aos bebês causam danos que nem imaginamos como muitos cocôs diários ou constipações fecais, infecções urinárias entre outros problemas que nossa sociedade vê como "normais".
Enfim, esses são sempre assuntos inevitáveis e repetitivos quando se trata de Higiene Natural.
No livro do Bebê sem Fralda, o primeiro do mundo
totalmente em português sobre Elimination Communication e escrito com embasamento científico pensando na vida da mãe moderna, é possível entender melhor como e porquê praticar higiene natural. Adquira agora mesmo e apoie o trabalho desenvolvido por uma mãe que propaga a criação com apego e a parentalidade consciente.
No folder acima, coloquei três fotos para ilustrar posicionamentos e agora vou explicar porque as posições das imagens "a" e "b" estão erradas e a posição da imagem "c" está certa:
a) Essa posição está incorreta porque, como é possível perceber, o bebê está praticamente pendurado, a bundinha aponta pra lua e as pernas estão lá pra cima e abertas. Não é possível que um bebê fique confortável assim. Ele vai ter o desespero de manter-se seguro, por sentir a sensação de estar caindo num precipício. O peso do seu corpo está todinho no períneo, sua coluna está toda curvada e ele está sendo sustentado pelas pernas. Muito provavelmente o bebê debata as mãos quando posicionado ou tente esticar as pernas para sair.
b) Essa posição está incorreta porque, perceba nas imagens, o bebê está sendo dobrado ao meio. Suas pernas estão contra seu abdômen e seu peso está todo nos joelhos e bundinha. A coluna também está muito curvada e o bebê fica desconfortável, muito provavelmente resmungando ou chorando quando posicionado.
c) Essa posição está correta porque o bebê enfim fica fisiologicamente favorável e seguro. Tranquilo sem precisar se equilibrar nem estará sendo forçado, pendurado ou dobrado. Sua coluna fica ereta e seu peso está sendo sustentado pela coluna, apoiado na barriga do cuidador e não pelo períneo ou pernas. As pernas servem apenas para segurar e não para receber o peso, se soltarmos uma perninha, o bebê permanece em posição e equilibrado.
Percebam que na imagem acima, à esquerda o bebê (Bernardo 04 meses) até chupa a mãozinha, mostrando estar totalmente confortável. Esse bebê da posição correta "C" está nas imagens das posições incorretas "a" e "b" (à direita e acima, respectivamente) e, embora estivesse dando certo a HN nas posições anteriores, agora, com a posição ajustada, vai ficar mais fácil pegar xixis (porque em posição incorreta é mais difícil que o bebê libere xixi, o períneo trava, fecha).
Obviamente que precisamos falar de outras posições e outros locais de prática, mas esse post está direcionado para todos os praticantes de HN, independente da idade. No caso dos Recém-nascidos, fica ainda melhor se esticarmos um dedo para que o bebê possa segurar e se sentir ainda mais seguro.
Os assuntos relacionados à pratica da HN são infindáveis e podem ser cada vez mais explorados.
Embora eu não dê sempre conta de abarcar todos os temas possíveis, sigo produzindo conteúdo de qualidade e agradeço imensamente pela sempre escuta. Sigo firme no compromisso de propagar essa prática ancestral tão forte e poderosa, de maneira didática, elucidativa mas, principalmente, responsável. Por isso, agradeço a cada um de vocês que compra meu livro, apoiando esse trabalho autoral de uma mãe, para outras mães (e pais e cuidadores) em busca de um mundo humanamente um pouco melhor para os nossos bebês.
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