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Higiene Natural com Fraldas de Pano

Fraldas, Desfralde e Higiene Natural!!

Há muito preconceito e falta de informação atualizada sobre o uso de fraldas, sejam elas descartáveis ou de pano, assim como há sobre o desfralde e a prática da Higiene Natural, também conhecida como Comunicação de Eliminação ou Elimination Communication.

Isso pode estar acontecendo porque quem está propagando informações sobre esses temas o esteja fazendo de forma irresponsável e leviana, fazendo mal uso de seus canais e seguidores para a disseminação de inverdades. Desta forma, para que não restem dúvidas sobre quais tipos de informações seguir sobre esses assuntos, a fim de que não se propaguem fake news que firam a imagem desse movimento crescente e unido em prol das formas naturais de manejar as eliminações dos bebês, existem alguns pontos importantes a serem falados.

Primeiramente, saibamos, o Brasil é o terceiro país do mundo que mais consome fraldas descartáveis e somente no ano de 2013 a indústria das Fraldas lucrou no país 2,4 bilhões de dólares, enquanto um ano depois nasceram apenas 2,9 milhões de bebês (Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos - Abihpec). Sendo assim, também é impossível esquecer que o uso de fraldas descartáveis não vem sozinho, ele agrega a necessidade do consumo de pomadas antiassaduras, lenços umedecidos e, muitas vezes, medicações. O que atinge diretamente a economia familiar e a saúde dos bebês.


Neste caminho do bem e da desconstrução, precisamos ser empáticas e levar em consideração o amadorismo de quem tenta falar sobre aquilo que desconhece.

De outra ponta, é imprescindível dizer que as fraldas descartáveis contém aditivos químicos, degradam a natureza para sua fabricação por levarem petróleo e árvores na sua composição, além de não serem recicláveis, fazendo com que produzamos lixo pelos próximos 600 anos. Enquanto as fraldas de pano modernas não são como as antigas calças plásticas do tempo das nossas avós. Através de muita pesquisa em tecnologia têxtil e trabalho de principalmente de mães empreendedoras, hoje contamos com uma vasta gama de marcas, nacionais e internacionais e opções de tecidos e modelos. A primeira vista pode parecer complicado, mas assim como nos deparamos com diferentes marcas, modelos, especificações das fraldas descartáveis, as fraldas de pano também possuem diferentes valores, modelos e formas de uso, que cabem em cada bolso e cada realidade familiar diferente, além de possibilitarem o reuzo por outros irmãos ou membros da mesma família bem como a compra de segunda mão, facilitando o preço e contribuindo para a sustentabilidade.

A forma de lavagem também vai variar de família para família e existem dicas e truques para resolver possíveis confusões. Quem faz uso de fraldas de pano considera que os benefícios compensam a demanda e costumam ser pessoas abertas ao diálogo e o ensino sobre manejo e truques com as fraldinhas ecológicas. Os benefícios também são físicos, como a menor incidência de assaduras, diminuição ou não uso de pomadas, redução ou desaparecimento de alergias, entre outras vantagens. Fraldas de pano também são aliadas da prática da higiene natural, por serem reutilizáveis e porque com os bebês fazendo cocô no penico, não restam fraldas de cocô para lavar. É uma escolha informada, com seus prós e contras, como qualquer outra. Mas é uma escolha com inegáveis benefícios para o planeta, a economia doméstica e principalmente a saúde dos bebês e, portanto, precisamos combater os mitos e informações erradas que estão sendo difundidas afastando novas famílias de conhecer e se aventurar nesse mundo;, dando respaldo para os "pais, maridos, parceiros, companheiros, avós, amigos e médicos" serem mais um obstáculo entre as mães e suas tentativas de maternarem de forma consciente.

É por isso que quando falamos em formas naturais de tratar as evacuações dos bebês, agregado ao uso das fraldas de pano existe um movimento crescente que apresenta como solução possível a prática da Eliminaton Communication (EC) ou Comunicação de Eliminação ou Assisted Infant Toalet Training (AITT) que ganhou na America Latina e na Europa o nome de Higiene Natural (HN ou HNI - higiene natural infantil) e consiste em atender as necessidades de evacuação dos bebês e dar uma assistência de banheiro desde o nascimento, sem limite de idade para começar, sendo um método muito positivo também para auxiliar no desfralde. Mas, é preciso deixar claro, os bebês usam fraldas sim e não possuem controle esfincteriano, porém, conhecendo a HN você vai aprender como vive um bebê que faz xixi no penico, que faz cocô sempre no mesmo turno e horário, uma a duas vezes por dia, que não desenvolve assaduras nem bactérias e fungos e também dificilmente sofre com dermatite da área das fraldas, cólicas e problemas com o sono ou amamentação/alimentação, pois tem seu organismo visto como uma engrenagem perfeita que precisa de auxílios para funcionar bem. De quebra, ainda haverá grande economia de produtos e medicamentos relacionados ao uso de fraldas, maior respeito à natureza e menos descarte de lixo não reciclável (fraldas descartáveis) ou gasto de água (fraldas de pano), portanto, menor impacto financeiro, ambiental e maior conexão entre pais e filhos.

A higiene natural consiste não somente em atender as necessidades de evacuação dos bebês, como também em reconhecê-los como mini-humanos dotados de um organismo que é fisiologicamente mamífero, funcionando como uma engrenagem. Logo, obviamente que pode ser praticada de forma parcial, pois se caracteriza como uma prática, assim como existem formas diferentes de se introduzir alimentos, a HN é uma forma diferente de manejar as evacuações e dar consciência corporal às crianças, ainda que frequentem a creche, podem praticar em casa, sem qualquer prejuízo. Além disso, quando o bebê tem alguma dificuldade de evacuar, poderemos auxiliar, realizando massagens, melhorando a alimentação, estimulando a região anal e inclusive lubrificando para facilitar a saída das fezes.

Vivemos num momento de desconexão com o natural, de consumo e patologização. Somos reféns da indústria, da praticidade, dos atalhos, das ferramentas que nos afastam do nosso próprio corpo, das nossas reais necessidades. Na maternidade, isso se traduz em mil e um apetrechos usados e passados adiante como imprescindíveis, sem uma pausa para a reflexão, sem um momento para mãe e bebê se conhecerem com calma, se vincularem em paz e sem intermediários de plástico. Nesse contexto, lado a lado com movimentos como o da humanização do parto, que busca resgatar o parto do seu destino atual de evento apenas médico e trazê-lo de volta para a esfera social e familiar, e o movimento da amamentação exclusiva e prolongada, da criação com apego e educação sem violência, que busca resgatar nossas crianças interiores tão feridas e quebrar o ciclo de violência nas próximas gerações, proporcionando a naturalidade desde o nascimento e a alimentação e cuidados, não por acaso surge um movimento de resgate das práticas naturais e ancestrais de cuidados com o bebê: o que perdemos? o que deixamos para trás? O uso de fraldas de pano e a prática da higiene natural aparecem nesse contexto. Junto também com o babywearing, a amamentação em livre demanda sem uso de bicos artificiais, a cama compartilhada, o baby led weaning (método de introdução alimentar que respeita o tempo e a autonomia do bebê), entre outras práticas resgatadas do passado e modernizadas. Nada mais são do que tentativas de vivermos uma maternidade diferente, mais conectada aos bebês e suas necessidades. Não é um conjunto de regras, muito menos é necessário que uma mãe pratique isso ou aquilo para ser conectada com seu bebê, claro. São apenas aprendizados que podem ser resgatados, aprendidos, ensinados, repassados, e aplicados de acordo com a realidade de cada família.

Neste mesmo contexto é preciso discutir também sobre o desfralde, vendo-o com maior responsabilidade e coerência, não é possível que mantenhamos as práticas que já são estudadas e comprovadamente negativas ao bebês, por apresentarem maior risco de traumas de curto, médio e longo prazos, como, por exemplo, o ato de simplesmente tirar a fralda de forma abrupta e esperar que através de conversa, parabenização/premiação ou repreensão que a criança compreenda seu corpo que foi anulado pelas fraldas por toda a sua vidinha. Por isso chamar a criança para limpar o próprio escape de xixi pode ser vexatório e traumático, ela não tem culpa, ela não tem controle. Precisamos falar mais sobre a fisiologia humana desde o nascimento.

Assim como tudo e todos que desafiam o status quo, que ousam sair do padrão de normalidade, quem opta por alguma dessas práticas é submetido a uma série de preconceitos, micro violências diárias, cobranças e enfrentamentos. Mas, seguimos, com a certeza de que estamos apenas buscando um caminho que faça mais sentido para nós e nossas famílias.

Alguns dirão sobre privilégios; sim, podemos considerar qualquer uma dessas práticas que fogem ao padrão atual como privilégios, porque infelizmente, no nosso mundo capitalista e desigual, INFORMAÇÃO é privilégio. Quem chega a essas práticas teve a oportunidade de se informar corretamente sobre elas. Por isso nossa maior luta tem sido a de DISSEMINAR INFORMAÇÕES CORRETAS. Aprender e ensinar. Pesquisar e estudar. Nos unindo em grupos de discussão, comunidades virtuais e presenciais. Grupos de apoio, grupos de estudo, mães empreendedoras que descobriram nesse nicho crescente uma fonte segura de renda, trabalhando com algo em que acreditam, mães que descobriram na prática o que significa rede de apoio, pais que descobriram meios de se tornarem pais realmente ativos e conectados com seus filhos. Sim, os pais são bem vindos. Mas sabemos na prática que são uma minoria. Todas nós sabemos de cor - e vivemos - as histórias de sempre: "queria usar fraldas de pano, mas meu marido não aceitou"; "comecei a praticar higiene natural, mas meu companheiro não me apoiou"; "o pai se convenceu apenas depois que começou a perceber os benefícios"; "queria tentar, mas meu parceiro é muito resistente". Todas nós conhecemos essas mulheres. Os pais, em sua maioria, são porta-vozes da sociedade dentro de nossas casas. O status quo, o clamor da praticidade, da cultura dominante, da modernidade, do patriarcado, que insiste que mulheres e bebês sejam colocados em lugares de passividade, isso quando o pai está presente, claro, pois todas nós também conhecemos - e vivemos - as inúmeras histórias de mães solo. Portanto, quando pedimos para que mães sejam ouvidas sobre esses assuntos e simplesmente porque esse é o lugar de fala materno. Quem lida com bebês e suas eliminações, incontestavelmente, são as mães. Se existem pais nesse papel, que bom! Lutamos para que se juntem a nós cada vez mais pais, através da INFORMAÇÃO.


Vamos então desmistificar todo esse tema?


Mitos sobre o uso de fraldas de pano modernas, Higiene Natural e desfralde:


Lavagem das fraldas de pano:

A lavagem das fraldas de pano não é complicada, tem o mesmo nível de complexidade de qualquer lavagem de roupas de bebê. Podem ser batidas na máquina, com ou sem outras peças de roupa, no tanquinho, lavadas a mão, com pré lavagem ou não, com uso de liners (forro para facilitar a retirada dos resíduos sólidos) ou não. Existem diferentes tipos de tecido, e cada tecido tem particularidades de lavagem, assim como toda peça de roupa. Os próprios fabricantes ou outros usuários podem orientar e ajudar no início. Depois que se aprende, se encaixa no dia a dia da família com naturalidade. Se ocorrem constantes erros na lavagem, alguns problemas podem surgir, como cheiro de amônia acumulado e diminuição da vida útil dos absorventes. Acontece, principalmente por desinformação. Os fabricantes ou outros usuários podem orientar sobre a maneira correta de solucionar esses problemas, com técnicas como o stripping, a lavagem profunda, o uso de alguns produtos e óleos essenciais específicos, novamente, de acordo com os tecidos e tipos de fralda. As possíveis manchas podem ser removidas com produtos específicos ou o bom e velho varal no sol, como qualquer pessoa que lava roupas - geralmente mães e mulheres - ficará feliz em ensinar.


Economia e Sustentabilidade:

Entre os resistentes ao uso das fraldas de pano modernas, existe o mito de que a economia e a sustentabilidade não seriam verdadeiras, pelo alto custo inicial de se montar o enxoval mínimo das fraldas de pano, e pelo suposto gasto extra de energia e água no processo de lavagem. Esses argumentos são verdadeiros disparates. Uma breve e rasa pesquisa na internet trará dados bem documentados sobre o enorme gasto de energia e água que a produção das fraldas descartáveis gera, além das dificuldades que o planeta enfrenta atualmente por conta do lixo descartável, como fraldas e absorventes. Qualquer iniciativa na contra mão do uso de descartáveis deve ser encorajada, não o oposto! Fraldas de pano, absorventes de pano, coletores menstruais, todo um universo de práticas sustentáveis primordialmente liderado por mulheres, que não por acaso é recebido com escárnio e resistência do universo "masculino".

O custo inicial do enxoval mínimo equivale ao custo inicial das primeiras fraldas descartáveis, e culturalmente resolvemos essa questão através de práticas como chá de bebê, doações e ajuda de familiares, independente da escolha de fralda. Com a diferença de que o gasto com as fraldas de pano é único, e elas duram até o desfralde do bebê, e frequentemente são repassadas para o irmão mais novo ou outro bebê. A durabilidade delas é semelhante a durabilidade de qualquer peça de roupa. Logo, é indiscutível que é uma prática imensamente mais econômica e sustentável.


Creche e outros cuidadores:

Também é comum ouvirmos dos resistentes que o uso de fraldas de pano e a prática da higiene natural - entre outras práticas, principalmente no universo da criação com apego - seriam de "mães e pais desocupados, que ficam em casa e não fazem mais nada da vida". Como se maternidade e/ou paternidade não fosse ocupação suficiente, além de invisibilizar o trabalho de mães e pais autônomos. Mas, até mães e pais com empregos formais, que não são os cuidadores principais dos filhos durante o dia, usam fraldas de pano e praticam higiene natural, basta CONHECER e PERGUNTAR para essas famílias. As fraldas de pano podem ser usadas somente em um turno do dia, ou outros cuidadores e profissionais da creche podem armazenar as fraldas de pano usadas em uma sacola impermeável que pode ser adquirida nos mesmos fabricantes das fraldas, próprio para esse fim, com o mesmo trabalho de jogar uma fralda descartável no lixo, ou outros inúmeros arranjos podem ser feitos, de acordo com a realidade da família. A mesma coisa vale para a prática da higiene natural, que muitas vezes é praticada em apenas um turno do dia, uma evacuação principal ou aos finais de semana, por exemplo, e os bebês eliminam na fralda normalmente durante o período em que não podem contar com um cuidador atento a suas necessidades de eliminação, pois não têm controle esfincteriano. Em geral, com um curto período de adaptação e boa vontade de novos cuidadores, o uso de fraldas de pano e higiene natural - que nada mais é do que aprender a atender a necessidade de eliminação assim como aprendemos a atender o sono e a fome - é aprendido e aplicado facilmente por qualquer pessoa interessada, como qualquer família que efetivamente faz uso das duas coisas pode relatar.


Elimination communication é criar bebê sem fralda:

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, os bebês praticantes de higiene natural usam fraldas normalmente e, conforme mencionamos, com o uso de fraldas de pano a prática se torna ainda mais perfeita, pois só há lavagem de fraldas sujas de xixi, já que o cocô ganha um padrão diário e passa a ser feito no penico ou vaso sanitário. A higiene natural pode ser praticada de forma parcial e não afeta o bebê de nenhuma maneira. A cada dia surgem mais e mais estudos atestando o quanto a prática da Higiene Natural é benéfica para os bebês, as famílias e o planeta.


Elimination communication é desfralde:

Higiene natural não é desfralde, se trata apenas de uma forma de atender as necessidades de evacuação dos bebês. Contudo, não há o condicionamento para o uso das fraldas, mas há total exploração da consciência corporal por parte do bebê, e da atenção plena por parte dos cuidadores, fazendo com que seu desfralde seja guiado por ele mesmo, sem uma intervenção vertical e sem qualquer treinamento, se não a construção diária da relação bebê x eliminação.


Desfralde é tirar as fraldas:

Esse é mais um equívoco que não leva em consideração o apego adquirido pela criança. É por isso que aumenta o número de crianças que perto dos cincos anos ainda precisa das fraldas para fazer cocô. Os pais e cuidadores colocam as fraldas no momento do nascimento e desconsideram por toda a vidinha do bebê a existência dos sinais de necessidade de eliminação, gerando assim um condicionamento por parte da criança a somente evacuar em si mesmo, com aquele apetrecho ali, segurando tudo, fazendo com que as fezes saiam com dificuldade e permaneçam ali quentinhas, enquanto o xixi sai somente aos pouquinhos porque num primeiro momento esquenta e logo em seguida esfria. Porém, da noite para o dia, os mesmos cuidadores que fraldaram resolvem tirar as fraldas, porque leram em algum lugar que a criança está preparada para ser desfraldada quando pula com os dois pés ou sobe escadas sozinha. Não se leva em consideração a capacidade cognitiva nem a capacidade de conhecimento dos mecanismos de funcionamento daquele corpinho. Esse modelo defasado precisa ser desconstruído, somente através de estudos e conversas.

Esses e outros mitos e dúvidas são debatidos profundamente em diversos canais e grupos. Aos interessados e aos desencorajados: nos procurem! Existem alternativas. Ouçam as mães (e sim, pais!) que realmente vivem essa realidade. Somos mães, donas de casa, avós, cuidadoras, empreendedoras, desenvolvedoras, pesquisadoras, especialistas, e queremos ser ouvidas. Esse é o nosso lugar de fala. Estamos falando sobre nossas vidas e realidades, sobre a saúde e bem estar dos nossos filhos, sobre machismo e silenciamento de mulheres. Dúvidas e debates são bem vindos, desserviço e desinformação, jamais! O assunto é sério.


Escolham quem ouvir e ignorem superficialidades



Depoimentos sobre o uso de fraldas de pano e/ou a prática da higiene natural:


Bianca Carvalho:

Descobri as fraldas de pano meu filho estava com 9 meses, depois de um episódio diarreia que causou lesões de assadura graves, comecei Intercalando com as descartáveis, pois só tinha uma capa e 2 abs. Assim que acabaram minhas descartáveis investi em mais fraldinhas, desde então é só amor, além da econômica gigantesca ainda contribui com o meio ambiente. Consigo lavar a cada 2 dias. Foi uma das melhores escolhas que fiz, pode parecer trabalhoso, mas é muito prático.


Mônica Laranjo mãe do Bernando de 11 meses:

Tudo começou quando eu ainda estava gravida. Conheci a Higiene Natural em um grupo sobre parto humanizado. Achei a coisa mais incrível do mundo, o pai achou interessante! Tinha certeza que faríamos e que seria a coisa mais simples e natural de fazer! Mas nem tudo acontece como a gente planeja ne?! Nosso bebê resolveu vir prematuro e isso me deixou um pouco mais receosa. Aquele bebê piquititinho, vestindo sempre 2 roupas por causa do inverno, será que conseguimos? Quando ele estava com cerca de 1 mês ele sofria muito com gases, vivia a base de luftal e isso me incomodava muito, não queria ficar entupindo ele de remédio! Eu já sabia os sinais que ele dava quando queria fazer cocô então resolvi tentar. Na PRIMEIRA tentativa consegui pegar o cocô!!! Estava meio sem jeito, foi no vaso, segurando ele apoiado na minha perna. Foi numa manhã bem cedinho, o pai ainda não tinha acordado ainda. Como ele ainda estava meio cético de que seria possível fazer isso resolvi não contar e esperar ganhar mais experiência. Acontece que nas próximas várias tentativas não consegui pegar NADA!!! Nossa, que sentimento de frustração gigante!!! Dei um tempo nas tentativas e voltei a ler mais na página Bebê Sem Fralda e conversei mais com as amigas virtuais numa rede de apoio. Foi então que vi um vídeo de uma mãe contando como ela fazia: todo dia de manhã, logo que o bebê acordava, ela levava na pia do banheiro, imitava o gemidinho de força que o bebê fazia e conseguia pegar o xixi e o cocô. Na hora pensei, é claro que vou tentar!!! Mas com o pai cheio de nojinhos como vou convencer ele que tudo bem fazer na pia do banheiro?? Foi mais simples do que pensei!! Cocô de bebê que mama é limpo!! Hahahaha!! Depois de conseguir pegar 2x contei pro pai! Ele deu risada, estranhou a pia do banheiro, mas não se importou tanto. Eu sempre chamava ele pra me “ajudar” até que ele foi pegando confiança e sozinho passou a “levar o bê no banheiro”. Meio sem jeito ele foi, morrendo de medo! Mas depois de pegar o primeiro cocôzão e um belo xixi matinal, ficou todo orgulhoso!! O tempo foi passando, ganhamos mais prática, nossa comunicação foi só melhorando. Quando nosso bebê estava pra completar 5 meses tivemos uma regressão, acho que o corpinho se preparando para a introdução alimentar mais a mudança de cidade mudaram muitas coisas. Ficava alguns dias sem fazer cocô, o penico era novidade, a casa nova era estranha. Mas aos poucos voltamos aos trilhos! Quando ele fez 6 meses eu voltei a trabalhar!! Pensei, e agora?? Por 1 mês ele ficou com a avó em casa e ela resolveu tentar também! Me mandava fotos toda orgulhosa quando conseguia pegar algum xixi ou cocô! Estava se sentido uma vovó moderna! Hahaha. Com 7 meses ele foi pra escolinha. Apesar das professoras acharem o máximo ele faze xixi e cocô no peniquinho, lá elas não podem fazer isso. Tudo bem! Hoje nosso bebê está com 11 meses, e seguimos com a higiene natural em casa! Xixis e cocôs de manhã e a noite! Finais de semana também! Ele não fica sem fralda, usa fralda descartável, faz xixi e cocô na escolinha, mas em casa ele tem a liberdade de se comunicar e poder fazer suas necessidades bem à vontade no penico, sem sujeira. O que mudou na nossa vida desde aquela primeira tentativa? Abandonamos o luftal em pouco tempo, cólica e assadura nem sei o que é, cocôs durante a noite ou aqueles explosivos que suja até a nuca nunca mais, muitas fraldas secas pela manhã, bebê bem disposto e feliz depois de fazer cocô.. e tantas coisas que poderia atribuir à higiene natural que nem sei!!! Só tenho o que agradecer e sempre que posso compartilho com todas as mães que falo, higiene natural é tudo de bom!! Não é ser índia, não é ser ET, não precisa de 24h com o filho, basta ter dedicação em fazer o melhor pro nosso filho!!


Alexandre Zambelli, pai do Gabriel de 03 meses:

Quando nos descobrimos grávidos do Gabriel começamos a nos inserir nas várias coisas que compõem o mundo das mães e pais. Uma delas inevitavelmente foram as fraldas. Sempre procuramos ter uma coerência responsável e sustentável com nossos atos, por isso não tardou a Fernanda (minha esposa) me introduziu ao mundo das fraldas de pano. Fomos conhecendo pouco a pouco mas não demoramos muito a decidir que esta era a forma de cuidado que queríamos com nosso filhote. Com 4 meses de gestação já estávamos encomendando as primeiras componentes de nosso kit de fraldas. Participar de grupos de Facebook e saber filtrar as informações que víamos na internet foi essencial para ajudar em nossas decisões. E, principalmente, sustentar a nossa escolha. Pois para nossos amigos e familiares sempre foi meio óbvio o uso da fralda descartável, então logo vieram alguns preconceitos, dizeres tentando nos desanimar... Mas, não desanimamos e persistimos, e talvez até conseguimos mudar a cabeça preconceituosa de alguns. Quando ele nasceu, num sábado de carnaval, foi a vez de colocar a prova todo nosso conhecimento. E não foi fácil, em especial pela falta de componentes para o tamanho de um recém nascido (os Correios atrasaram muito de nossas encomendas). Como havíamos ganhado alguns pacotes de fraldas descartáveis fizemos um uso misto no começo, mas logo percebemos que o uso da fraldas de pano eram mais vantajosas. Seja na questão da saúde do bebê, pela questão ambiental e (porque não?) a parte econômica, tudo isso compensa uma suposta falta de praticidade. E digo suposta pois imaginava que teria muitas dificuldades na parte da higiene e limpeza delas, principalmente por morarmos em um apartamento pequeno que não bate muito sol. Mas nestes quase três meses desde que ele nasceu exercitamos nossa criatividade e possibilidades e por fim não é um bicho de sete cabeças. É muito mais simples do que imaginava. Gasto pouco tempo por dia com a limpeza delas. Conseguimos encaixar em nossa rotina com tranquilidade. Hoje já me pego observando a qualidade (cor e cheiro) das fezes e urina dele, enquanto faço a limpeza. Pode parecer besteira de pai babão, e em parte é mesmo. Mas diz muito sobre a saúde de meu filho. Ter este cuidado a mais com nosso filhote diz muito pra mim. Enfim, estamos apenas no começo dessa saga das fraldas, sabemos que muitos desafios ainda virão. Mas fico confiante em saber que posso contar com grupos de apoio e locais que me possibilitam o acesso à informação de qualidade para poder seguir em frente nesta decisão. E acredito que ela é bem importante, pois se quero um futuro melhor para o meu filho, ele só será possível com um mundo que consiga respirar sem tantos itens descartáveis.


Livia Lana mãe do Raul:

Eu decidi usar fraldas de pano ainda na gestação, minha maior dificuldade foi convencer meu marido, familiares e amigos de que era uma boa ideia. Absolutamente ninguém me apoiou no início. Mas, como eu sou cabeça dura, fiz como eu queria. Meu filho usa fraldas de pano desde que saiu do hospital com um mês, ele ficou internado no CTI e no hospital era só descartável. Uma vez vi as enfermeiras do CTI trocando a fralda dele e ele estava todo assado, fiquei muito triste por ter tantas fraldas de pano em casa e ele não poder usar. Enfim, quando ele foi pra casa eu passei a alternar fraldas de pano com as descartáveis pois tinha comprado poucas RN achando que ele ia nascer grande, como a maioria dos bebês da minha família, mas ele nasceu magrelo e não engordou no hospital, então as tamanho único não serviam de início. Com três meses, depois de vários episódios de vazamentos de cocô com as descartáveis e de passar muita vergonha quando chegou a vazar cocô até em mim na rua, passei a usar só pano, até para dormir. Nunca vaza cocô, nem os molinhos. Xixi vaza se estiverem impermeáveis, mas, depois que você pega o jeito nas lavagens também não impermeabiliza nem cheira mal. Eu só coloco na máquina, sabão normal, água sanitária, e muitos enxágües nunca mais tive vazamento de xixi, e ele chega a dormir 12 horas. Eu não tinha a menor intenção de praticar higiene natural até o Raul fazer seis meses e começar a introdução alimentar. Ele simplesmente parou de fazer cocô, ficava até três dias sem fazer, e eu achava que era prisão de ventre. Ele só fazia durante as trocas se coincidisse de estar com vontade na hora, um cocô muito duro. Isso só mudou quando minha mãe, que fazia HN 40 anos atrás sem saber, me contou que eu e meus irmãos também não fizemos cocô na fralda a partir dos sete meses e que ela andava pela cidade com um penico na bolsa. Arrumei um penico e desde então Raul nunca mais ficou um dia sem fazer cocô. Foi aí que comecei a ler sobre higiene natural e cheguei à conclusão de que deveria ter praticado desde o começo. Quando ele está em casa eu consigo pegar todos os cocos e a maioria dos xixis. Eu trabalho a tarde e a noite e ele vai para a creche em meio período. Quando ele entrou na creche já estava praticando a higiene natural em casa. Foi difícil explicar e pedir para, se possível, o colocarem no troninho, acharam que eu era louca. Obviamente lá elas não colocam quase nunca, só uma professora veio me contar que de vez em quando coloca quando ele faz força e ele faz, mas eu não estresso com isso, não é obrigação delas. Por isso ele acaba fazendo cocô praticamente só em casa. Faz de manhã quando acorda e no fim da tarde, depois que chega em casa e tira uma soneca, raramente faz em outros horários. Só fez na fralda na creche em uns dois dias quando estava com diarréia. A noite fica com o pai, que também raramente o leva para fazer cocô, porque acha a higiene natural uma bobagem e não tem a menor intenção de aprender os sinais, e por isso ele acaba não fazendo cocô a noite também. Xixi ele faz na fralda sem problemas, mas as vezes fica meio nervoso, desde um mês, quando ainda estava usando descartável ele chora para trocar a fralda de xixi, não gosta muito de ficar molhado. Nas últimas semanas, como ele já vai fazer um ano, passamos a usar o redutor de assento e ele faz direitinho no vaso. Com a higiene natural acabo usando apenas três ou quatro fraldas por dia. As vezes troco com elas secas, só para ele não ficar sujo, isso permite que eu lave fraldas somente uma vez por semana, então acabou reduzindo ainda mais o trabalho com elas.


Pri Sousa:

Tem gente que acha absurdo lavar as fraldas de cocô se não for na máquina. Aqui lavamos no tanque sim. O pai também lava e a mão dele nunca caiu por isso. Para as fraldas não ficarem fedidas, usamos água quente uma vez por semana ou quando tiver com cheiro de amônia que resolve. Quem é consumista realmente vai querer todas as estampas e gastar uma nota com isso, mas aqui temos 7 capas, 4 absorventes internos, 3 externos e gastei 0 reais, são todas doações de segunda mão e não tem nenhuma manchinha de cocô em nenhuma, nem fede nada.


Jessica Ximenes mãe de Aurora 15 meses:

Logo que Aurora nasceu, caí de paraquedas nos textos sobre higiene natural, porque gostaríamos de usar fraldas de pano na baby assim que fosse possível. Li tudo e achei impressionante, mas na minha cabeça aquilo não era pra minha realidade porque moro num estado onde não tenho nem família nem amigos, somos só meu companheiro, a bebê e eu, não tenho ajuda de qualquer tipo. Pois bem, passou-se o tempo e com uns 4 meses, Aurora que sempre teve o intestino em perfeito funcionamento passou um dia inteiro sem fazer cocô, chegou a noite e ela já estava enfurecida e eu mega preocupada; essa criança começou a chorar desesperadamente e eu num impulso de fazer qualquer coisa pra ela ficar melhor, tirei a fralda e posicionei ela em cima da fraldinha mesmo, daí começou o festival de pum... e dali a pouco o coco que tanto a estava incomodando. Desse dia em diante passamos a observa-la a fim de captar os xixis, porque o coco costumava ser sempre nos mesmos horários. Contratei uma consultoria e ganhei confiança pra dar continuidade à prática, o marido embarcou super entusiasmado porque o gasto com fraldas reduziu drasticamente, Aurora permanecia com a mesma fralda o dia todo pq não sujava mais. Aos 7m precisamos colocá-la na creche por meio período, me perguntei como ficaria a HN, e a própria Aurora me deu a resposta: fazia coco ao acordar como de costume, ia pra creche, comia/brincava/dormia e fazia um xixi, e em casa fazia um outro coco a depender se havia comido bem, se não, só no outro dia pela manhã de novo. Por fim, aos 8 meses finalmente começamos a usar fraldas de pano (puramente por motivos de: demorou de chegar da China) e a experiência ainda segue bela, junto um baldinho de fraldas por semana e lavo na máquina na tranquilidade. A maioria das fraldas são “sujas” de suor de bumbum, ou o xixi que faz na creche, e mesmo assim, ja chegou em casa inúmeras vezes com a fralda seca na mochila. Na creche deixamos um pacote de fralda descartável que dura cerca de 2 meses, ela suja geralmente uma fralda de xixi e só. Em casa ela sabe que faz no penico ou redutor, hoje está com 1 ano e 3 meses. Como todo bebê, ela tem seus períodos onde tudo muda, e há uma regressão ou outra, que são tratadas com naturalidade e da mesma forma que vêm, elas vão embora. Aqui a nossa prática é a seguinte: conhecemos a rotina da nossa filha, poucas vezes ela nos deu sinais claros, por exemplo: apontar pro penico e fazer brrrr brrrrm (barulho de pum). Mas apesar disso, sabemos quando ela precisa evacuar e proporcionamos a ela a forma mais digna possível: não urinar/fazer coco em si mesma. Não praticamos higiene natural pensando em desfralde, nem tampouco porque sou desocupada (as mães que cuidam de suas crias em casa vão concordar comigo que tá pra existir trabalho mais penoso), praticamos porque percebemos a qualidade vida que isso traz, a $economia$, qualquer coisa de errado que possa aparecer no coco/xixi dela logo percebemos (foi a hn que nos ajudou a perceber as alergias alimentares, pois tivemos free access ao cocô hehehe).


Luciana França:

Descobri a higiene natural quando minha bebê tinha apenas três meses e sentia cólicas. Nunca consegui pegar todos os xixis, apenas uma parte deles, mas cocô, ela nunca mais fez na fralda. Com seis meses passou a sentar no penico e quando voltei a trabalhar os sinais de cocô estavam estabelecidos e os de xixi vieram naturalmente mais fáceis, então a babá passou a entender e fazer HN com a bebê na minha ausência. A HN é um processo que tem a ver com a rotina da família, com grandes ganhos para saúde do bebê, sem falar na economia de fraldas. Vamos fazendo ao nosso modo, dentro das possibilidades, não é "coisa de mãe que passa o dia todo em casa". É importante buscar a informação, antes de disseminar calúnias.


Assinam esse texto:

Fernanda Paz (Bebê sem Fralda Brasil) @bebesemfralda

Nina Santana (@ninasantana)



Referências:

http://oglobo.globo.com/economia/com-aumento-da-renda-brasil-ja-o-terceiro-maior-consumi dor-de-fralda-descartavel-do-mundo-14151637.

JORDAN, G. PHD canadense, pesquisadora de diversas áreas do conhecimento, professora assistente em Geografia e Estudos Ambientais no TWU. Ministra cursos de Geografia e Estudos Ambientais, incluindo ciências ambientais, sistemas de informação geográfica (SIG) e geografia física, desenvolvendo estudos e evidências científicas que contribuem e muito com o entendimento da evolução da nossa espécie. Seu currículo Lattes e suas publicações você encontra aqui: O estudo acima mencionado você encontra aqui: http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24962210

TALI, S.¹, ²EFRAT, S-U; ³BOUCKE, L.; RUGOLOTTO, S. Infant toilet training. J. Pediatr. (Rio J.) vol.85 no.1 Porto Alegre Jan./Feb. 2009. MD, MSc. Os autores são, respectivamente, dos seguintes departamentos: Department of Family Medicine, Hebrew University, Jerusalem, Israel, BA. Ben-Gurion University, Israel, BA. White-Boucke Publishing, Colorado, USA, MD. Division of Pediatrics, Legnago Hospital, Legnago, Italy. O estudo você encontra aqui:

http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0021-75572009000100016&script=sci_arttext&tlng=en

Rugolotto S1, Sun M, Boucke L, Calò DG, Tatò L. Department of Pediatrics, University of Verona, Verona, Italy. simone.rugolotto@azosp.vr.it. O Estudo você encontra aqui: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/18277362

Rugolotto S, Sun M, Boucke L, Calò DG, Tatò L. Toilet training started during the first year of life: a report on elimination signals, stool toileting refusal and completion age . Minerva Pediatr. 2008;60:27-35.


Livros no mundo sobre elimination communication:

Bauer, Ingrid (2007): Es geht auch ohne Windeln! Der sanfte Weg zur natürlichen Babypflege. – 3. Aufl. München: Kösel.Fontanel, Béatrice/d’Harcourt,

Boser, Doris (2015): Probier´s mal ohne Windel: Das moderne Praxisbuch zur schrittweisen Windelfreiheit. Noel.

Claire (2008): Babys in den Kulturen der Welt. – 4. Aufl. Hildesheim: Gerstenberg.

Delias, Michael; Delias, Andrea (2016): Naturgeburt: Langzeitstillen, Windelfrei, Natürliche Säuglingspflege und Lebensweise. Die Wurzel.

Dibbern, Julia (2010): Geborgene Babys. Edition Anahita

Eder, Carola (2010): Auf den Spuren des Glücks: Das Kontinuum-Konzept im westlichen Alltag - Zum bedürfnisorientierten, respektvollen und gleichwürdigen Umgang mit dem Kind.

ElternWissen (2014): So wird Ihr Kind sauber Windelfrei ohne Stress.

Imlau, Nora (2016): Mein kompetentes Baby: Wie Kinder zeigen, was sie brauchen. München: Kösel

Largo, Remo H. (2002): Babyjahre. Die frühkindliche Entwicklung aus biologischer Sicht. – 5. Aufl. München: Piper.

Laurie Boucke (2008): TopfFit!: Der natürliche Weg mit oder ohne Windeln.

Lindmayer, Lini (2013): Windelfrei? So geht's!: Natürliche Säuglingspflege - Begleiten der frühkindlichen Entwicklung durch Kommunikation und Körperkontakt

Messmer, Rita (2013): Ihr Baby kann's!: Selbstbewusstsein und Selbstständigkeit von Kindern fördern. Beltz Taschenbuch / Ratgeber

PAZ, Fernanda. Bebê sem Fralda Higiene Natural por Fernanda Paz. Disponível em: www.bebesemfraldabrasil.com/e-book

Pipi-Kacka: Gut gewickelt - ruckzuck windelfrei (2015) Bartig-Prang, Tatje. Trias.

Renz-Polster, Herbert (2010): Kinder verstehen. Born to be wild: Wie die Evolution unsere Kinder prägt. – 2. Aufl. München: Kösel

Schmidt, Nicola (2015): artgerecht - Das andere Baby-Buch: Natürliche Bedürfnisse stillen. Gesunde Entwicklung fördern. Naturnah erziehen. München: Kösel.

Schöbinger (2016): Die Windelfrei-Methode Für und Wider: Argumente aus Pädagogik und Psychologie. Kindle.

Von Haeseler, Jessica (2016): Windelfrei - Einfach und mit Spaß.

Wagner, Karolin (2017): Windelfrei: Eltern im Portrait - Erfahrungen, Tipps und Tricks. GreatLife Books

Wenger, Nadine. (2013): Natürliche Wege zum Babyglück: In Liebe geboren, ins Leben getragen, geborgen auf Erden. Neue Erde


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