O Desmame nosso de cada dia !
Estou sentindo tanta necessidade de falar sobre o desmame que só de pensar nisso já começo a chorar! Não vai ser fácil expressar tudo o que a amamentação prolongada significa nem muito menos o desmamar de mãe e filha!
2 anos e 10 meses de um bebê.
2 anos e 06 meses de amamentação em livre demanda.
Então comecei a limitar, limitar, limitar, distrair, acarinhar, brincar, alimentar, até que zeramos as mamadas diurnas.
Uma semana sem recaídas, cria bem, então partimos ao desmame noturno.
Limitação, limitação, limitação. Firmeza, acolhimento, choro duplo.
Há alguns bons dias ela não mama para pegar no sono, precisei criar estratégias, como passeio de bike no final do dia (alguns pais usam o carro, eu tenho a bike), reforço na janta, mais acolhimento...
Muito tempo de diálogo, contação de historinhas, distrações, explicações, sinceridade, nada de artifícios. Sempre falando coisas do tipo:
"-Filha, a mamãe sempre amou te dar tetinha, foi uma das coisas mais importantes da minha vida e da nossa história, só que agora não está me fazendo bem, me irrita, me deixa perturbada, eu sinto sentimentos que não gosto e não quero passar pra você!"
"-Você já está tão grande e já come tão bem, a mamãe está tão fraquinha, foi tão bom amamentar você, mas são bebês que precisam mamar!"
Entre outros assuntos que ela sempre prestou atenção e sempre correspondeu.
Não foi muito fácil no começo, eu sinto que Serena se desmamasse naturalmente iria até os 04 anos tranquilamente, mas pra mim a via de mão dupla havia chegado ao final.
Amamentar sempre foi um ato de resistência, sempre foi um ato de amor e dor e entrega e vida.
Parar esse processo foi muito difícil, eu precisei me desmamar primeiro, aceitar, entender.
Como uma grande amiga mencionou, o final da amamentação prolongada é como um relacionamento amoroso duradouro que a gente ama muito, mas não dá mais certo junto, então começa naquele vai não vai e termina, mas quando volta vê que realmente não dá mais, sabem?
É bem assim. A gente ama amamentar, sabe que é importante pra cria e pra nós, mas chegamos ao limite, está desgastante, não dá mais aquele prazer que dava antes.
Irrita, cansa, causa maus pensamentos, vontade de pular fora o tempo todo. Então tentamos parar, mas no fundo não conseguimos, aí ficamos naquele processo louco dentro a gente e no dia a dia, entre a cruz e a espada. E se contrariamos o nosso íntimo, percebemos que estamos nos fazendo mal, e toda aquela relação que era linda e esplendorosa se transforma num martírio.
É por isso que escolhi guiar o desmame e o estou fazendo da forma mais sutil e suave possível, respeitando a nena e as paixões dela, os hábitos de uma vidinha inteirinha e respeitando também os meus limites.
Foi assim que levei 02 meses para o completo desmame diurno e 02 meses para o completo desmame noturno...
Mas, nesse meio tempo havia ainda uma mamada "até treis" de madrugada, mais um tempinho de paciência e a substituímos por água...
Ontem fomos ao centro espírita pra receber cromoterapia e dar aquela alinhadinha nos Chakras, e enquanto esperávamos o atendimento, com aquela luzinha neom, aquele cheirinho de anil, aquela musiquinha relaxante, observando a nena eu chorei pedindo uma forcinha extra pra esse momento, porque fechar ciclos não é fácil. Ela de pronto veio até mim, me abraçou e eu perguntei se ela queria mamar um pouco, ela mal encostou no seio, mas ficou extremamente feliz. Daí eu fico nesse misto entre aceitar que preciso parar e aceitar que ela está bem também, que o condicionamento sou eu que faço.
Só que está muito recente,é uma ruptura bem dolorida e ao mesmo tempo é uma sensação de missão cumprida.
Confusão total porque parece que ainda deveria fazer um pouco mais, enfim...
Quem passou por isso vai entender e quem vai passar pode lembrar de todas essas palavras que estou dividindo com vocês agora.
Pra mim é uma forma de terapia.
Hoje, ela que já não mamava acordando, afinal, um dos nossos primeiros acordos lá no começo para efetivarmos o desmame diurno, foi que o bebê não mamaria mais de dia só quando estivesse escuro, após todo esse processo que vem durando 04 meses, eu saí muito antes da cama como tenho feito já que ela anda dorminhoca, ela acordou e chamou, eu fui atender e senti que ela estava assim meio tristonha, olhava pros meus peitos com carinha de dengo, questionei:
"-Filha, você sente saudade de alguma coisa?"
Pensou, virou pro outro lado, olharzinho cabisbaixo:
"-Da teta mamãe, eu sinto saudade da teta!" colocando a mãozinha por cima da minha blusa...
Manteiga derretida já quase chorando perguntei:
"-E você quer mamar um pouquinho na tetinha? Acho que ela também tem saudade!"
Sorriso de orelha à orelha, verbalizou: "-hahahahaha"
E foi imediatamente pro seio mais próximo, beijou, colocou a boquinha, fez glup glup, encostou a mãozinha, mais um beijo, tapou o seio e repetiu o processo no outro.
Então falou:
"-Quanto eu era um bebê bem pequeno eu mamava muito, mas agora eu sou uma quiança e tomo teta até teis, ou até dois, sabe?"
"-Sei filha, que bom né? Vamos descer? Tá com fome?"
"-Tô com sede, quero fazer xixi e comer também, bora mamãe?!"
"-Bora!"
E assim, parece que hoje, aos 2 anos 10 meses e 13 dias registro o fim do processo de amamentação da Serena Paz.
Não sei ainda se estou bem com isso, porque não consigo evitar as lágrimas e o sentimento de culpa que é um aliado desgraçado da maternidade, mas estou sendo o mais verdadeira e entregue possível nesse processo.
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Atualizando: a amamentação prolongada durou exatos 3 anos por aqui!!
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